De desenvolvimento de marca a desenvolvimento humano
- marcellaspuglia
- 18 de jan. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 2 de jun. de 2022

Por muitos anos trabalhei na área de marketing, desenvolvendo marcas globais.
Amigos e familiares me perguntavam: mas o que você faz exatamente? Era difícil explicar porque o trabalho com marcas é bastante dinâmico e não existem tarefas rotineiras.
Eu lhes explicava que o meu trabalho era ajudar a impulsionar as vendas, desenvolvendo soluções que atendessem aquilo que as pessoas precisavam. Uma das coisas que eu mais adorava era ir em grupos de pesquisa qualitativa e ficar horas ouvindo as mulheres falando, quase uma sessão de terapia. Elas contavam seus sonhos, frustrações, momentos de muito prazer e dificuldades.
Com o passar dos anos, percebi que em cada fase de vida que eu passava, conseguia compreender mais profundamente aquelas falas e emoções. Me lembro bem quando trabalhava na área produtos pessoais e nas pesquisas sempre vinha à tona o momento do banho: o quanto era prazeroso, um momento de calma e individual.
Eu achava que entendia aquela sensação de um momento só meu, mas quando fui mãe, me veio a frase de uma dessas mulheres sobre o momento de o banho ser aquele que você fecha a porta e fica SO-ZI-NHA.
Claro que se você tiver filhos pequenos e estiver sozinha em casa é provável que esteja no vaso com um bebê no colo (rs). Mas o fato é que existe uma compreensão que vem do âmago e só vivendo na pele a gente consegue entender de verdade.
Mas voltando aos grupos de pesquisa, eu amava ouvir as mulheres e desenhar soluções que pudessem ajuda-las em sus vidas, fosse ajudando com sua autoestima, facilitando ao dia a dia na cozinha ou preservando suas roupas mais preciosas, aquelas que saem andando do armário porque caem como uma luva.
E porque eu adorava a lógica de ouvir, entender e buscar soluções, eu trabalhei por 20 anos nesta área e grande parte do tempo muito feliz e realizada. Até que um dia, eu senti que já não conseguia fazer a diferença como antes. As soluções eram cada vez menos necessidades reais e já não me brilhavam os olhos. As necessidades reais extrapolavam cada vez mais a compra do supermercado, e meu trabalho passou a fazer menos sentido para mim.
Passei a buscar um novo fazer e nesse processo, pilotei outras formas de criar soluções para as necessidades humanas. Eu queria impactar de verdade, trazer inovação real que ajudasse o mundo a evoluir. Mas não foi simples. Nesse processo, percebi que só descobriria sentido no fazer, se eu entendesse a minha real necessidade. Afinal, o que me fazia feliz? Era uma pergunta simples que eu não sabia responder de forma profunda.
Mergulhei em mim, na espiritualidade e no caminho encontrei meu ser. Fui entendendo que a forma mais minha de encontrar as soluções, era fazendo perguntas, propondo novas formas de olhar e cocriando soluções junto a outras mulheres para outras mulheres que eu podia entender no âmago seus dilemas e sonhos.
E então me vi, levando na bagagem tudo aquilo que eu tinha desenvolvido por anos. Mas agora, ao invés de ajudar desenvolver marcas para vender produtos, eu podia ajudar desenvolver pessoas para vender felicidade. Aí sim, tudo passou a fazer sentido.



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